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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Doutor Sono, de Stephen King



O Iluminado é, sem a menor sombra de dúvidas, um dos meus livros favoritos do Stephen King perdendo somente (por enquanto) para A Dança da Morte. Então imagina só a minha ansiedade para ler Doutor Sono e descobrir o que aconteceu com Dan Torrance e que novas surpresas ele poderia nos mostrar! E em meio as altas expectativas, medo de me decepcionar com uma sequencia tão esperada como esta, King não me decepciona e nos entregou uma sequência digna, profunda e por que não emocionante? 

Mesmo mais de 30 anos após escrever sobre as desventuras da família Torrance no Hotel Overlook, King não erra a mão e é evidente os laços profundos que une as duas obras quase que tornando-as uma só. Em Doutor Sono vemos Dan Torrance, já um homem de meia idade, lutando para controlar um demônio interior, o mesmo demônio que perseguiu seu pai e que o destruiu: o alcoolismo. Mesmo atormentado pelos horrores do passado ele tenta descobrir seu lugar no mundo e está determinado a não se tonar o que seu pai acabou tornando-se. Assim ele acaba indo parar em uma cidade onde entra para o AA. Lá começa a trabalhar em um asilo para pacientes terminais onde ganha a alcunha de Doutor Sono, por utilizar seus poderes de iluminado para dar conforto às pessoas na hora da morte, tornado este momento menos doloroso. 

Próximo dali há uma criança, Abra Stone, que possui um poder de iluminação nunca antes visto, mais forte que o do próprio Dan. Isto acaba por atrair certas criaturas maléficas que se alimentam deste tipo de dom, chamados O Verdadeiro Nó, e Dan vai fazer de tudo para proteger Abra destas criaturas maléficas. 

Se existe um tema que define cada obra do King creio que Doutor Sono fale sobre redenção, enquanto que  O Iluminado falava sobre família e responsabilidade. Neste livro vemos Dan, que apesar de ter herdado o alcoolismo do pai, está determinado a ser uma pessoa boa e não se deixar consumir pelos impulsos destrutivos que acompanham sua família. Vê também na defesa de Abra uma forma de se redimir não só por ele, mas pelo pai e uma maneira de se livrar de todos os demônios interiores que sempre o atormentaram.

Uma das coisas também que mais gostei em Doutor Sono foi a escrita do King, que nunca esteve tão fluida, clara, leve e sem enrolação. Cheguei a ler mais de sessenta páginas sem cansar nem um pouco. Também as tramas dos dois livros ficaram bem amarradas, com os núcleos de Dan e Abra se interligando de uma maneira tão precisa que chego a considerar este livro um dos mais bem escritos do King.

Gostei muito do início do livro se dedicar a mostrar Dan ainda criança e aprendendo a controlar seus poderes e a como se desviar dos demônios do Overlook que ainda o perseguiam. Só achei que o King poderia mostrar mais um pouco da Wendy, pois foi uma das personagens mais marcantes de O Iluminado

Achei a trama envolvendo O Verdadeiro Nó bastante interessante, porém não era isso que mais me prendia no livro. Me envolvi muito mais com os dramas do Dan e a relação dele com a Abra. É tanta que achei o  vilões muito fracos. E Rose, a cartola, que tinha tudo para ser uma vilã marcante, furiosa e sanguinária, praticamente não se move.

Uma das melhores partes do livro é o final, cheio de reviravoltas e boas surpresas. Aqui King engana o leitor direitinho. O desfecho é emocionante e com diálogos muito bons e dá aquele gostinho de quero mais.

Apesar de ter amado Doutor Sono ele não se equipara a O Iluminado, onde a atmosfera tensa, o terror psicológico e a narrativa assustadora tornam o livro inigualável. Doutor Sono não tem quase nada disso. Este foi o primeiro dos lançamentos mais recentes do King que li e achei inúmeras referências às coisas que conheço como Harry Potter, Game of Thrones e até Crepúsculo!

Enfim, se está com receio de ler este livro com medo de se decepcionar, vá fundo, ele é muito bom. Só não espere nenhum novo Iluminado e com certeza você vai conseguir apreciar a obra. 

Título original: Doctor Sleep, 2013
Tradução: Roberto Grey
Editora: Suma de Letras
Páginas: 475

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Mais uma lista de livros


O ano de 2015, para mim, foi um ano de poucas leituras. Afinal, mudei de cidade, de Estado, de vida... Enfim, estou me adaptando ainda. Mas, em meio à parcas leituras me aventurei em alguns romances que acho digno compartilhar com vocês. Aqui vai:

Direitos Iguais, Rituais Iguais - Terry Pratchett: Terry Pratchett se foi este ano e com certeza deixou uma legião de fãs dos Discworld em prantos e saudosos de suas loucas e divertidas fábulas de fantasia. Comecei a série Discworld há algum tempo e esta foi a minha quarta aventura no Mundo do Disco. Adorei este, apesar de ter achado o mais fraco da série até onde li. Acho muito legal a maneira como Pratchett utiliza a fantasia e a aventura para nos fazer chorar de rir. Seus personagens são marcantes e hilários e o livro ainda traz uma pitada de crítica social. Afinal, por quê homens só podem ser magos e as mulheres só bruxas? Direitos iguais para todos né?


Quatro Estações - Stephen King: Não é novidade para ninguém que Stephen King é o meu autor favorito. E em Quatro Estações ele me surpreendeu mais uma vez. Neste romance de quatro contos, King foge de sua zona de conforto e escreve dramas profundos que conseguem nos tocar verdadeiramente. Mas nem por isso o livro não tem um quê de suspense, como no conto Aluno Inteligente (meu favorito do livro) e uma pitada de sobrenatural em O Método Respiratório, que me deu calafrios no final! Os outros contos também são marcantes e originaram dois dos meus filmes favoritos Um Sonho de Liberdade e Conta Comigo.
Filme Conta Comigo (Stand by Me, 1986)
Filme Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption,1994) 
Caixa de Pássaros - Josh Malerman: Este romance de estréia de Josh Malerman foi uma das melhores surpresas literárias que tive nos últimos anos. O livro é intenso, perturbador e foge um pouco do lugar comum das histórias pós apocalípticas e de terror. O autor consegue brincar com os seus sentidos e a história se torna angustiante (não em um sentido muito ruim) e faz você se transportar para dentro da trama e sentir os dramas e os medos da personagem principal. Este livro vale muito a pena!


 A Torre Negra vol. VII - Stephen King:  Comecei A Torre Negra em 2012. E entre livros que amei de coração e outros que odiei profundamente, cheguei a este volume final que ficou entre muito bom e "mais ou menos". Achei que a série se perdeu entre o volume IV e este último. Em muitos momentos tive a sensação que King perdeu o fio da meada e a trama ficou muito confusa e teve muitas partes maçantes que eram pura encheção de linguiça. Mas focando neste volume final, acho que King se redimiu um pouco e nos entregou um livro mais coeso e fiel com a proposta do início da série. Só achei o livro um pouco lento e o final de alguns personagens foram bem ruins. Mas a conclusão da série foi de dar uma dor no coração, mas como disse achei coerente e digno para a série.


O Silêncio dos Inocentes - Thomas Harris: Não é um livro que se insere no gênero "Fantástico" mas merece figurar nesta lista por ter sido uma das melhores leituras do ano para mim. Achei o livro genial. A escrita do Harris é deliciosa e sem contar a presença de um personagem que você consegue amar e odiar ao mesmo tempo, o famoso Dr. Hannibal Lecter. O livro não chega a ser um suspense como qualquer outro, afinal, você sabe que é o assassino desde o início. Mas a maneira como os acontecimentos se desdobram em thriller psicológico perturbador e culminam com um final surpreendente é fantástico. Assisti ao filme logo depois e achei Antony Hopkins como Hannibal mais aterrorizante que no livro!

Filme O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1991)

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

O Pacto/Amaldiçoado, de Joe Hill



Sabe aqueles livros que todo mundo fala super bem e que você não vê a hora de ter eles na mão para ler logo? Pois é, O Pacto, escrito pelo filho do renomado escritor de terror e suspense Stephen King, Joe Hill, era um desses livros que sempre figuraram na minha lista de desejados por ser tão bem criticado pelos leitores. Porém, tive sempre um certo receio de adquirir ele por não ter gostado tando assim de um outro livro dele "Heart-shaped Box" (Sim, igual aquela música do Nirvana) traduzido aqui no Brasil como "A Estrada da Noite". O fato é que consegui ler o livro por meio de um grupo muito legal que encontrei na internet, com pessoas muito bacanas e sem neuras que emprestam seus livros mesmo a gente morando a quase 2.000 km de distância! E olha a surpresa: odiei o livro!


A narrativa central de O Pacto gira em torno de Ignatius Perrish que foi acusado de estuprar e matar a namorada, Merrin, mas por falta de provas nunca foi preso. Daí um belo dia o cara acorda com chifres (o título original é Horns = chifres) na cabeça e olha só: toda vez que uma pessoa olha pra ele despejam pra fora todos o seus segredos mais sujos. Daí o livro segue contando o passado de Ig, como conheceu Merrin e quanto eram apaixonados e ainda a relação de Ig com um amigo, que está mais pra amigo da onça, Lee Tourneau e o crescimento de uma amizade baseada na ingenuidade de Ig, e sua fé na bondade humana, inveja e morte. E também as coisas sobrenaturais que cercam Ig e seus misteriosos chifres.

Uma das coisas que me incomodaram em A Estrada da Noite, como a crueza da narrativa e os acontecimentos absurdos e totalmente sem noção, não estão presentes em O Pacto,  pelo contrário, Hill abusa de uma narrativa prolixa, tal como o pai, e cuida da construção dos personagens de uma maneira mais cuidadosa tornando eles mais profundos. Há também um cuidado com a narrativa e sua linearidade, onde o autor meio que conta a história de trás pra frente, pontuando a trama com flashbacks mostrando a construção do caráter e a personalidade dos personagens principais envolvidos na trama central que culminaram com o assassinato onde gira a trama principal. Até aí ponto positivo! Isso mostra o quanto Joe Hill evolui como escritor. Mas por que não gostei do livro?

Primeiro, não gostei da maneira como Hill quis mostrar o quanto o ser humano tem de podre dentro de si, retratando a influência do demônio sobre as pessoas. Só acho que se ele quis mostrar isso, e creio que essa era uma das propostas principais do livro, ele pegou bem leve, podendo ter se debruçado bem mais nesta questão tornando o livro uma trama de terror psicológico bem mais intensa e macabra. 

Segundo, Ig é um personagem muito chato e bobo, aquele tipo de pessoa que acredita em tudo e todos e só consegue ver o lado bom das coisas. Creio que uma pessoa assim  deve apanhar muito na vida. Como de fato aconteceu no livro. A ingenuidade de Ig e a maneira como ele vê o mundo e as pessoas culminou por desgraçar a vida dele. Daí o cara vira um demônio cabuloso, cheio de poderes, consegue até controlar cobras e sabe o que ele faz? Apanha...e muito! Daí achei que a questão do sobrenatural não foi muito bem trabalhada. 

Terceiro, a narrativa do livro parece uma montanha russa, cheia de sobe de desce. Tinha horas que o livro estava  muito bom, cheio de reviravoltas, dai lá vem aqueles flashbacks, muitos deles eram bem chatos e se arrastavam por capítulos sem fim e isso me tirava o clima e deixava o livro bem maçante.

E por último, acabou que o livro teve um fim triste e sem respostas. Se teve respostas elas ficaram muito subentendidas. A questão dos chifres do Ig e o por que de ele ter recebido aqueles poderes não são respondidas, não espere por isso se você estiver lendo o livro agora. Sem contar que o mistério da morte da Merrin é solucionado antes do meio do livro e não é nada surpreendente.

Apesar de tudo ainda lerei outros livros do Hill, (inclusive já adquiri Nosferatu) por que gosto do modo inusitado como ele constrói as histórias e seus personagens, a maneira sem pudor como ele trata qualquer assunto sem banalizar nada em seus livros. Hill tem um futuro muito promissor como escritor de supsense e terror e consegue fugir da sombra do pai e escrever sobre os mesmos temas sem ser constantemente comparado com ele. O livro  foi adaptado para o cinema em 2013 com Daniel Radcliffe (o eterno Harry Potter) no papel principal e já vi tantas críticas negativas que só me fizeram ficar sem vontade de ver o filme. Ainda mais não tendo gostado do livro, mas pretendo fazer isso em breve.



Título: O Pacto/Almaldiçoado
Título original: Horns
Autor: Joe Hill 
Ano: 2010
Páginas: 320
Editora: Arqueiro

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Santuário, de Andrio Mandrake


Em 2012 uma grande estiagem que ocorreu no Rio Grande do Sul acabou revelando as ruínas de uma vila alagada por uma represa há 40 anos. A partir desse evento atípico Andrio Mandrake desenvolve sua narrativa que envolve mistério e sobrenatural. 

Logo de cara, uma das coisas que me chamou atenção nesse livro foi o uso de um acontecimento real, num lugar que existe, para criar uma narrativa fantástica. Nada de outros mundos ou universos paralelos. Ou seja, nada de ter que aprender tudo sobre um novo mundo mais uma vez. Um alivio, sento sincero.

O livro divide-se em dois domos, cada um iniciado com uma ilustração muito bela. Aliás no livro todo nota-se um cuidado com a parte gráfica. Desde a capa até detalhes no inicio de cada capítulo, o que se torna uma atração a mais para o livro.

Andrio conseguiu construir bem alguns personagens, com diálogos internos bem realistas que acaba por criar empatia. Entretanto é na hora da interação entre esses personagens que ele peca. Principalmente com os diálogos. As coisas, nesses momentos, acabavam acontecendo em uma velocidade exagerada, e nem sempre natural.

A história foca em alguns poucos personagens. Mas é Ian, um historiador, o ponto central da trama e a partir do qual todos os outros orbitam. É assim o personagem trabalhando com mais profundidade e que tem um complicado dilema interno. Ele vai visitar as ruínas da vila principalmente para fugir de problemas familiares e no trabalho, tentando espairecer. Mas para seu azar acaba encontrando muito mais do que isso.

Outra personagem importante, Laura foi quem mais me intrigou. Completamente impulsiva, e extremamente rápida na hora de abandonar o luto pela morte do amigo.

Algo que pode atrapalhar a fluidez da leitura de alguns, como atrapalhou a minha, é a linguagem arcaica que permeia o livro. Esse tipo de linguagem era mais presente na fala da jovem sacerdotisa. Era um traço da sua linguagem e se fosse só isso não me incomodaria. Mas, talvez com a intenção de dar mais elegância ao texto, as linguagem rebuscada em alguns trechos acabava me despertando do “transe” que a leitura proporciona quando é fluida.

Fazendo um balanço geral sobre o livro, acho que ele merecia um novo tratamento para concertar as falhas. A premissa é boa, me deixou interessado, os personagens foram bem escolhidos e o mistério é bom. Mas a execução deixou a desejar em alguns pontos. Apesar de todas as coisas que me incomodaram, a minha impressão sobre o livro teria sido muito melhor se não fosse pelo final. Acho que merecia uma melhor explicação obre os fatos que ocorreram e um proposito mais claro.

Algo que conta a favor do livro é que ele ao menos não caiu na armadinha da continuação. É um livro fechado (embora nada tire a possibilidade do autor escrever mais sobre os personagens). Ponto pro Andrio.

Você pode adquirir o livro na página do livro Santuário no blog do autor.

segunda-feira, 24 de março de 2014

A Dança da Morte, de Stephen King



O futuro apocalíptico imaginado por Stephen King me marcou de uma maneira tão profunda que não sei expressar muito bem tudo que senti lendo esse livro em uma simples resenha, certamente A Dança da Morte foi um dos maiores (se não o maior) e melhores livros que já li na vida. Um prato cheio com tudo aquilo que os ávidos leitores do “Rei” mais gostam em suas tramas inteligentes e bem elaboradas. Terror, ficção cientifica, drama, fantasia e de sobremesa um profundo debate filosófico sobre o futuro da sociedade, moralidade, a natureza humana, Deus, e o verdadeiro significado do bem e do mal.

Uma arma biológica, um vírus secretamente estudado em um laboratório, o chamado “Projeto Azul”, escapa do controle do laboratório contaminando todos no local e por uma série de pesquemos acasos acaba escapando para fora e causa um efeito dominó que devasta nada menos que 99% da população mundial. Inexplicavelmente, o vírus, que é bem semelhante ao HIV, não afetou alguns poucos e através de pontos de vista de alguns desses sobreviventes vamos acompanhando a sua jornada na busca de sobreviverem após o fim do mundo.

Bom, até ai parece mais um livro pós-apocalíptico, não? Então o que faz A Dança da Morte diferente de outros livros que tratam de temas semelhantes? Recentemente tive contato com obras parecidas como A Estrada e Eu Sou A Lenda que apesar de serem distintos, no fundo falam da mesma coisa. O diferencial dessa obra prima de King é o fato de não se restringir a apenas ao “fim do mundo”. Depois disso, primeiramente o livro narra a tentativa de reconstrução da sociedade onde questionamentos e discussões filosóficas são oferecidas ao leitor, profundamente de natureza sociológica, claro, mas também sobre a natureza humana. O que realmente é o bem ou mal e como acontecimentos corriqueiros ou até mesmo banais podem moldar as nossas decisões ou nossa personalidade. E mais pra frente o livro se torna um verdadeiro épico de horror, um grande embate entre o bem e o mal no melhor estilo King que é o ponto diferencial dessa obra. Ficção científica, fantasia, drama e horror se misturam em um épico de proporções gigantescas (literalmente) onde o foco final foi a luta entre o bem e o mal, parecido com O Senhor dos Anéis. Inclusive, nesse livro, King faz inúmeras homenagens ao mestre da fantasia, J R. R. Tolkien, citando-o em várias partes do livro.

A Dança da Morte é dividido em três partes. Na primeira, Capitão Viajante, somos apresentados aos personagens centrais e às consequências da epidemia da supergripe causada pelo vírus que escapou do laboratório que também é conhecida como Capitão Viajante. Essa parte então narra como os poucos sobreviventes lidam com catastrófica situação que muda drasticamente tudo ao redor. Aqui é onde King também constrói aquela aura inquietante de terror e sobrenatural que só tende a crescer no decorrer da trama, culminado com cenas de tirar o fôlego, e também apresenta seus personagens centrais, seus dramas e suas histórias o que os torna bastante vívidos. Uma moça grávida, um cantor pop iniciante, um homem taciturno do interior, um velho sociólogo pessimista, um carismático surdo mudo e um retardado muito simpático figuram entre os personagens principais da trama. Uma coisa que achei muito boa foi a evolução destes personagens no decorrer do livro, até alguns dos “malvados” tiveram seus pontos altos.

Na segunda, Na Fronteira, é onde os sobreviventes começam a ter contato mais direto com o sobrenatural, pois todos sonham ou com uma velha e bondosa senhora de 108 anos, Mãe Abagail, ou com o temível homem escuro, o famoso vilão de King, Randall Flagg. Aqui os personagens fazem suas escolhas e partem para a tentativa de reconstruir o mundo. Os “bons” se juntando a Mãe Abagail e os “maus” se juntam a Flagg. Aqui acho interessante mencionar que nem todos são 100% bons ou maus, todos eram acima de qualquer coisa humanos e até mesmo seus líderes, Abagail que representava o bem, e Flagg que representava o mau, tiveram seus momentos de falha. O que King deixa claro também é a questão do livre arbítrio, a maioria sonhava com os dois lados e escolhiam aquele que mais lhe agradasse. Essa segunda parte foi a que teve seus momentos de calmaria, até demais pro meu gosto, algumas passagens foram um tanto chatas e sem propósito definido.

Na terceira, A Resistência, é quando os caminhos se convergem e os dois lados começam a ver um ao outro como uma ameaça para a sua sobrevivência. Essa última parte culmina com cenas emocionantes e surpreendentes. Foi a parte que li mais rápido, em um dia apenas, e depois da leitura respirei fundo e me dei conta de que King conseguiu escrever um livro melhor que O Iluminado, que pra mim tinha sido a melhor obra dele. Alguns podem discordar de mim, mas A Dança da Morte é o melhor livro de King, e quem acompanha A Torre Negra vai encontrar na saga inúmeras referências a esse livro, começado por Flagg.

Algumas partes de A Dança da Morte podem soar meio religiosas, em especial na segunda metade do livro. Mas o que me pareceu foi uma coisa meio dúbia, que ora soava religioso ora profano, bem no estilo King, o que fica bem interessante. Só que Stephen King não escreveu uma obra ateísta ou religiosa apenas levou em conta tudo aquilo que passam por nossa cabeça no que se refere ao sobrenatural, não dando o crédito total à fé religiosa. Toda a trama de terror e drama tem então uma capa religiosa bem trabalhada onde King ousou ao fazer referências claras à Bíblia, do Êxodo ao livro do Apocalipse, sem contar as inúmeras passagens que acompanhamos no decorrer do livro. Faço uma menção honrosa à uma citação do salmo 23 perto do final da parte 3 que me fez chorar horrores!

Por fim, ler a dança da morte foi uma verdadeira viagem. Enquanto lia me senti realmente na companhia desses personagens em sua peregrinação através de um país devastado, onde a aura de morte impregnava tudo. Em sua escrita detalhada King faz com que o leitor sinta tudo no ambiente que cerca seus personagens, bem como experimentar na pele o que eles sentem intimamente. A cena em que Larry Underwood (o cantor), fugindo da Nova York devastada, atravessa o túnel Lincoln, escuro e cheio de corpos em decomposição me deu calafrios. Pude sentir na pele o medo e o pânico de Larry bem como a aura sombria de um local que só cheirava a morte. Isso mostra como King é um verdadeiro gênio da escrita, não só de horror, por que tudo que o cara escreve é muito bom e de uma qualidade sem tamanho! E hoje sem a menor sombra de dúvidas coloco o Rei no topo da lista dos meus autores preferidos.

Esse livro recentemente foi lançado com uma nova capa e letras maiores pela Suma de Letras. As 944 páginas da edição da Objetiva se transformaram em 1248 páginas que assustam qualquer leitor, mas o que aumentou em páginas diminuiu em preço o que antes custava até R$ 100,00 pode ser adquirido por até R$ 67,00 ou por R$ 30,00 na versão digital.

A Dança da Morte teve uma adaptação pra TV datada de 1994 e pode ser encontrado em DVD. Recentemente a Warner anunciou que lançará um filme baseado na obra, mas atualmente está apenas no papel. Fica a torcida para o filme sair o mais breve possível!

Título original: The Stand (1978, 1990)
Tradução: Gilson B. Soares
Editora: Suma de Letras
Páginas: 1248

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A Hora das Bruxas vol. II, de Anne Rice

A Hora das Bruxas vol. II, de Anne Rice - Fantasia BR

Dando continuidade aos eventos iniciados em A Hora das Bruxas I, onde o foco principal era narrar a história da família Mayfair, suas tragédias, triunfos e loucuras, sempre envolta em um mistério sobrenatural, Anne Rice encerra com chave de ouro a primeira parte da saga das Bruxas Mayfair, com uma narrativa envolvente e uma trama bastante criativa.

O segundo volume ainda apresenta suas páginas iniciais dedicadas aos extensos arquivos das Bruxas Mayfair, nos apresentando a história da bruxa mais atual, Rowan Mayfair, que é o foco deste segundo volume, a 13ª herdeira do Legado Mayfair e a bruxa mais poderosa que já surgiu na família. Rowan é uma mulher determinada, inteligentíssima, dona de uma certa frieza, confiança e possui um poder jamais visto nas suas antepassadas um poder sobrenatural e assustador. Depois da posse do Legado e de ter descoberto a história de suas antepassadas, Rowan tem a missão de aceitar ou recusar todas as imposições do Legado que incluem ele... Lasher. E a terrível escolha que terá de fazer entre o seu amor por Michael Curry ou as palavras sedutoras e as promessas duvidosas de Lasher.

Sem dúvidas o personagem que mais me chamou a tenção desde o início do volume I foi Lasher, o espirito demônio que está intimamente relacionado com todas as coisas sobrenaturais que cercam os Mayfair. Me pegava esperando ansiosamente por suas aparições que sem dúvidas deixam o livro mais interessante. Você não sabe a natureza dessa criatura, o que ele é, qual seu objetivo ao certo ou até mesmo se ele é bom ou mau. Lasher tem uma aura sedutora e uma sutileza incrível que até você, leitor, é seduzido por suas palavras, sem dúvidas esse personagem foi uma das maiores criações de Anne Rice.

A parte que envolve os arquivos das Bruxas foram bem interessantes e sombrias no decorrer do volume I, porém nesse segundo achei a história meio repetitiva o que deixou o livro meio cansativo no começo. Senti um enorme alívio ao termina-los. Assim que terminam os arquivos a trama evolui bastante e o livro se torna um verdadeiro trilher de suspense e terror com cenas de deixar os seus cabelos em pé. A narrativa de Anne Rice é pesada e detalhada ao extremo, mas tem um efeito quase que narcótico e é viciante. Acho legal o jeito que ela escreve, pois apesar de ser muito detalhista ela sabe descrever bem o ambiente, as situações e os personagens o que enriquece a imaginação do leitor.

Basicamente o livro gira em torno das dúvidas e mistérios sobre Lasher, as imposições do Legado a Rowan e as visões de Michael que é um dos grandes mistérios da trama, aqui você acha que tem uma ideia de como o livro termina mas o final é tipo “What the Fuc%#@?”. Anne Rice realmente surpreende. Ai chegamos no que me desanimou no final, são quase mil páginas esperando uma revelaçãozinha e a autora despeja tudo de uma vez e não, a história aqui só começou! Quer ver o desenlace desse rolo todo? Leia Lasher, o próximo livro da série, e cá entre nós não é pra qualquer um adquirir um livro da Rice que são bem caros e esse não foi publicado ainda naquelas edições furrecas da Rocco, que foi de onde consegui ler A Hora das Bruxas.

Fora algumas cenas de sexo que achei exageradas, beirando a boa e velha pornografia que foram desnecessárias, o lenga lenga no início, alguns fatos repetitivos e um final sem final eu amei A Hora das Bruxas, pra mim é o melhor livro da Anne Rice. Li o volume II em cinco dias o que foi uma grande evolução levando em conta que demorei quatro meses pra terminar o volume I. O livro é muito bem escrito e é daquele tipo de história que, se você curtiu mesmo, não esquece fácil. Algumas cenas ficam realmente gravadas na memória. Como disse antes, Anne Rice não é pra qualquer um ou você adora ou odeia e é aqui, em As Bruxas Mayfair, que ela destrincha todo o seu talento em descrever minúcias. Portanto, se você ainda não leu algo mais “leve” da autora procure outra coisa pra ler antes de conhecer a família Mayfair!

Título: A Hora das Bruxas vol. II
Título original: The Witching Hour, 1990
Autor: Anne Rice
Ano:1994
Páginas: 490
Editora: Rocco
Tradução: Waldéa Barcellos

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Os Videntes, de Libba Bray


Dons sobrenaturais, assassinatos macabros, personagens incríveis e Nova York nos anos 20. Tudo isso e muito mais compõe a trama instigante e deliciosa criada pela escritora Libba Bray nesse livro que entrou para a lista dos meus livros prediletos.

Os videntes foi uma grata surpresa pra mim que não esperava tanto desse livro. Eu tinha lido sobre ele a muito tempo atrás e cheguei até a esquece-lo, então do nada ele surgiu na minha frente numa livraria qualquer e tive que aproveitar a oportunidade. Passei essa obra na frente de muitas outras que estão esperando ansiosamente que eu as leia, mas não me arrependi nem um pouco disso, afinal de contas eu fui sugado do meu tempo e cai nos anos 20 em plena Nova York, cidade dos contrabandos, dos bares ilegais, dos cinemas espetaculares e da diversão sem limites numa época onde a diversão era  muito mais valorizada do que nos dias atuais. Adoro livros que me fazem sair do lugar onde eu estou e esse com certeza tem essa capacidade. Libba Bray escreve brilhantemente bem. Foi meu primeiro livro da autora mas o bastante pra me tornar um fã.

A principio eu pensei que a história iria girar em torno de uma personagem apenas, pois os primeiros capítulos são voltados para a vida da jovem Evie O'Neil que foi exilada da sua cidade natal por não se comportar conforme mandava o figurino e acabou sendo mandada para Nova York onde iria passar a morar com o seu excêntrico e misterioso tio Will, mas no decorrer dos capítulos, vamos sendo apresentados a personagens chaves para toda a historia e todos eles incluindo Evie tem algo em comum: dons especiais dos quais eles não gostam muito de falar. Com isso vamos descobrindo bem aos poucos sobre os dons e sobre o passado de cada um. No meio de todas essas histórias uma serie de assassinatos macabros com uma pitada de simbolismo antigo e rituais maléficos começam a acontecer na cidade e como o tio de Evie é um grande estudioso do sobrenatural a policia local pede seu auxilio nesse caso que parece ser impossível de solucionar.

Evie é uma mulher a frente do seu tempo, moderna e bem divertida, sempre esta atrás de diversão e experiencias novas, quando a policia chama seu tio para ajudar no misterioso caso ela não perde tempo em ir atrás deles apenas para poder contar para o povo atrasado e antiquado da sua cidade como ela esta levando uma vida muito mais animada em Nova York, mas essa sua decisão acaba se mostrando bem perigosa quando acidentalmente ela usa o seu misterioso dom na cena do crime. Ela acaba se tornando a pessoa que tem mais pistas do assassinato e não sabe como lidar com isso.

Todos os dons parecem estar conectados de alguma forma, mesmo que sejam bem distintos uns dos outros, cada um desses personagens parece estar conectado por essa linhagem sobrenatural. Entre vislumbrar o passado apenas tocando objetos e curar doenças apenas com o toque das mãos, essas pessoas que tentam levar uma vida comum sempre acabam por se envolver em histórias perigosas. Não tem como escolher apenas um desses personagens como o predileto, é claro que Evie é a que mais chama a atenção mas os outros não ficam de lado, cada um tem uma personalidade incrível que fisga o leitor de uma forma única.

Esse livro faz parte de uma serie de livros intitulada Dinivers e não há ainda uma previsão sobre o lançamento da sua sequência aqui no Brasil. Sei que no meio de tantas series iniciadas surge aquele receio de começar mais uma, mas esse livro é tão bom que vale a pena.

Os direitos de adaptação do livro já foram comprados pela Paramount. Só me resta esperar que seja uma adaptação digna dessa história incrível e surpreendente.

Titulo: Os Videntes
Titulo original: The Diviners
Autor: Libba Bray
Ano: 2012
Páginas: 567p.
Editora: Id
Tradução: Mariana Zambon


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O Pistoleiro: A Torre Negra vol. I, de Stephen King

O Pistoleiro A Torre Negra vol 1

Roland Deschain é o último pistoleiro, vindo de um mundo devastado esse enigmático personagem inicia neste primeiro volume, de uma série de 7 livros, sua peregrinação em busca da lendária Torre Negra, um lugar místico que controla todo o Tempo e Espaço, a única coisa capaz de restaurar seu mundo.

O livro inicia-se em uma paisagem desolada que dá aquela sensação de tristeza e abandono, mas que encanta ao mesmo tempo, e é aqui que nos deparamos com Roland no encalço do Homem de Preto, uma espécie de feiticeiro que tem muitas respostas ás suas perguntas sobre sua busca pela Torre. No caminho, através desse mundo estranho, desértico e cheio de elementos fantásticos Roland se depara com alguns obstáculos e a trama possui também alguns flashbacks que dão algumas poucas revelações sobre o passado do pistoleiro. As poucas aventuras no decorrer do livro são de tirar o fôlego como a passagem de Roland pela cidade de Tull, que teve um desfecho incrível, surpreendente e com muita ação (foi minha passagem favorita) e também o encontro do pistoleiro com o garoto Jake (um personagem de extrema importância na série) que foi um tanto dramático.

Não há muito o que comentar em relação ao primeiro livro de A Torre Negra. Uma palavra resume a maior parte dele: confuso! Mas isso não quer dizer que o livro é ruim, muito pelo contrário. Uma coisa que King faz com o leitor aqui: simplesmente o joga em um mundo totalmente estranho, com um personagem extremamente enigmático com um proposito meio sem fundamento e maluco em mente que é encontrar a maldita Torre. A impressão que se tem de O Pistoleiro é que ele não é nada mais que um imenso prólogo para o que verdadeiramente te espera nos volumes seguintes da série. Pois a partir do capítulo final você começa a enxergar o propósito da história e que rumo ela deve tomar a partir de então. Mas, mesmo assim o leitor ainda se sente meio perdido. Por isso, a meu ver, A Torre Negra não é recomendada para leitores que não conhecem Stephen King. Se nunca leu nada dele não comece por essa série.

King é sutil em sua maneira de contar uma história, nada de entregar tudo de mão beijada de uma só vez, ele gosta de brincar com o leitor o seduzindo aos poucos seja com uma violenta cena de ação, algumas revelações surpreendentes e pequenos dramas ao longo da trama. E o que sei sobre A Torre Negra é que se trata de uma LONGA história dividida em sete volumes e o mundo fantástico que serve de pano de fundo para a série é, segundo o próprio King, seu próprio mundo imaginário onde ele criou grande parte de suas histórias.

Então se leu O Pistoleiro e esperava mais como eu, espere pois o que é bom de verdade começa a partir do volume dois, A Escolha dos Três, que espero resenhar em breve. Então até lá e Longos Dias e Belas Noites!

Título: O Pistoleiro: A Torre Negra vol. I

Título original: The Gunslinger

Autor: Stephen King

Ano: 2004

Páginas: 224

Editora: Suma de Letras

Tradução: Mario Molina

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Bento, de André Vianco

General b2winc

E se de repente você acordasse em um hospital sem lembrar-se de nada da sua vida? E que o mundo foi dominado por vampiros e que os humanos agora estão confinados em pequenas comunidades de sobreviventes? Isso é o que acontece com Lucas, no livro Bento de André Vianco. E mais, ele descobre que faz parte de um pequeno grupo que tem uma estranha e inexplicável habilidade contra os vampiros. Lucas é um Bento. Mais que isso, ele é o trigésimo Bento, o que significa que ele deve liderar os outros para a libertação dos humanos.

Depois de muitos livros com vampiros bonzinhos, foi um tremendo alivio ler esse livro, com vampiros assassinos e sedentos por sangue. Não que eu não goste dos outros, mas esses não muito mais o meu estilo.

O livro dá a oportunidade de vermos essa luta entre humanos e vampiros de diversos ângulos, ao apresentar diferentes personagens. Acompanhamos também o lado dos vampiros, que também passam a ter suas próprias profecias.

Na apresentação do passado de alguns personagens, temos uma ideia de como foi A Noite Maldita, o dia em que os vampiros começaram a se transformar e muitos humanos caíram em um longo coma. Mas o foco desse livro não é explicar como as coisas começaram, mas como os humanos vão derrotar os noturnos.

Lucas inicia uma jornada, com seus companheiros, por um Brasil dominado pela vida selvagem. As grandes cidades agora não passam de ruínas e as noites são dominadas pelos vampiros. A comitiva enfrenta perigos a cada passagem, e o sucesso parece incerto.

Ao iniciar a narrativa algo me incomodou imediatamente. Ainda não tinha lido nenhum outro livro do Vianco, mas percebi logo que ele adora pontos finais. Depois de um tempo o meu cérebro passou a substituir automaticamente os pontos por vírgulas para deixar a leitura mais fluida.

Outro aspecto que me incomodou um pouco foi certos personagens, que para mim pareceram estereotipados demais. Desses, o que mais me incomodou de uma forma geral foi o Bispo, um nordestino com sotaque carregado e expressões tradicionais.

A leitura por vezes me deixava cansado e eu não pude fazer grandes avanços por conta do tipo de papel do livro, branco. O papel branco sempre incomoda meus olhos e me impede de ser mais rápido.

No final, senti um grande pulo na narrativa. Depois do clímax, vem uma explicação do que ocorreu depois que não me agradou como leitor. Prefiro sempre “ver” ao invés de “me contarem”. Mas ai você percebe ainda há muita coisa pra explicar. É que esse só é o primeiro de uma série, que continua com O Vampiro Rei Vol. 1, que mudou de nome para Cantarzo, e termina em O Vampiro Rei Vol. 2, que mudou de nome para Bruxa Tereza, em edições recentes.

Título: Bento
Autor: André Vianco
Ano: 2003
Páginas: 517
Editora: Novo Século

quarta-feira, 6 de março de 2013

Protocolo Bluehand: Zumbis, de Abu Fobiya, Alexandre Ottoni e Dave Pazos

Protocolo Bluehand Zumbis capa {Fantasia BR}

A epidemia zumbi que vai devastar a Terra dos antes dominadores humanos está a um passo de acontecer. Você precisa mesmo ficar preocupado. Mas ainda lhe resta uma última chance de salvação. O Protocolo Bluehand: Zumbis. Pelo menos é isso o que promete o próprio livro.

O primeiro Protocolo Bluehand publicado foi o Alienígenas, escrito pelo Eduardo Spohr.  Os Protocolos são guias de sobrevivência e salvação publicados pela Editora NerdBooks do site Jovem Nerd. O objetivo da editora é fazer produtos exclusivos para seu público, então você só vai conseguir comprar esse livro no site Nerdstore.

Protocolo Bluehand: Zumbis não é (só) um livro de ficção. É um manual de sobrevivência prático e utilizável. Nele você vai descobrir a verdade que, segundo os autores, vem sendo escondida da humanidade já há algum tempo pelos governos, temendo a instauração geral do pânico.

A epidemia zumbi pode ocorrer a qualquer momento. Tudo por conta de uma série de coincidências que levaram a criação de um protozoário (e não um vírus) que causa a zumbificação das pessoas. Esse protozoário já se espalhou pelo planeta e está latente em boa parte da população, podendo se manifestar depois de um abalo emocional forte.

O tal protozoário é chamado o tempo todo de T. zombi o que me incomodou um pouco o biólogo dentro de mim. Acontece que só se pode abreviar o nome de uma espécie depois de der escrito seu nome por completo ao menos uma vez no texto, o que não ocorreu. Eles atribuem que o T. zombi é uma associação mutante do vírus da raiva com T. gondii (o “T.” vêm do gênero Toxoplasma, mas ele não falam isso no livro) o protozoário causador da toxoplasmose, que faz com que os ratos percam o medo por gatos.

Dá pra notar uma intensa pesquisa e cuidado na busca de referências para a elaboração do Protocolo. Achei o Protocolo Bluehand muito útil. Mesmo que uma epidemia zumbi não aconteça, aprendi muitas técnicas que poderão tornar a minha vida mais fácil em situações adversas. Como, por exemplo, poderia ter acontecido com o H1N1 (não que se deva matar seus portadores, óbvio). Você vai aprender desde como cada setor da sociedade vai se comportar diante de uma crise no sistema econômico e governamental mundial, com o perigo do surgimento de milícias, até como tomar banho com pouca ou nenhuma água e fazer suas necessidades em um mundo sem banheiro.

Além de tudo ele é um dos livros mais cheios de detalhes que já tive a oportunidade de ter nas mãos. Você não vai encontrar um Protocolo Bluehand: Zumbis em bom estado. Ele já foi utilizado, amassado, manchado, rasurado, ensanguentado e mordido. São inúmeras as marcas de dedos, as manchas de sangue e mofo, páginas tortas, colagens e principalmente as úteis e divertidas “observações feitas à caneta”.

Além dos já citados “defeitos”, o livro é recheado de ilustrações, diagramas e mapas. Me surpreendi quando me deparei com umas páginas extras enfiadas ali no meio do livro pelo suposto último dono do livro. As ilustrações são do artista Marcio L. Castro, com um estilo rabiscado, o que deixa o livro ainda mais com aparência de usado.

Piadas e referências nerds é o que não falta. Tem momentos em que não dá mesmo pra segurar o riso. O que poderia ser um livro muito chato, torna-se uma leitura prazerosa pra qualquer nerd ou fã de cultura pop.

Um dos autores do livro, Abu Fobiya, é alter ego do escritor, roteirista de quadrinhos quadrinhos e desenhos animados Fábio Yabu. O Dave Pazos, mais conhecido como Azagal, foi o editor do livro. Já o Alexandre Ottoni, o Jovem Nerd, não entendi se ele contribuiu diretamente no texto, mas acho que o nome dos três aparecem na capa pois sem qualquer um deles o projeto não seria possível.

Título: Protocolo Bluehand: Zumbis: seu guia definitivo contra os mortos e os vivos
Autores: Abu Fobiya, Alexandre Ottoni e Dave Pazos
Ano: 2012
Páginas: 272
Editora: Nerdbooks

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Os Perpétuos (The Endless)

Endeless

Os Perpétuos, Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio são um grupo de entidades que personificam vários aspectos do universo de Sandman. Eles existem desde a aurora dos tempos e acredita-se que estão entre as criaturas mais poderosas (ou pelo menos influentes) do universo da HQ.  Eles são uma família nada convencional de sete irmãos!  Sua própria existência é irregular, uma vez que eles não são seres vivos, nem mesmo divindades. São apenas aspectos da existência não podendo por exemplo serem mortos no sentido literal da palavra, pelo menos não enquanto suas funções forem necessárias.

Desejo

Desejo

Desejo exala um perfume quase subliminar de pêssegos no verão. E projeta duas sombras: uma negra de nítidos contornos. A outra sempre ondulante como neblina no calor...

Desejo sorri em breves lampejos, da mesma forma que o sol no gume de uma faca. Há muito, muito mais do que a o gume de uma faca na essência de Desejo...

Desespero

Desespero

Desespero é irmã gêmea de Desejo e rainha de seu próprio domínio. Diz-se que, dispersas pelo reino de Desespero, há uma infinidade de pequenas janelas penduradas no vazio. A cada janela aberta uma cena se revela. Em nosso mundo a vista é um espelho. Assim, quando você fita seu próprio reflexo e nota os olhos de desespero sobre si, é fácil senti-la agarrando o seu coração.

Destino

Destino

Destino é o mais velho dos Perpétuos. No principio havia a palavra e ela foi escrita à mão em seu livro antes mesmo de ser pronunciada...

Delírio

Delírio

O reino de Delírio é próximo e pode ser facilmente visitado. As mentes humanas, no entanto, não foram feitas para entender o seu domínio. E os poucos que viajaram até ele conseguiram relatar apenas fragmentos perdidos...

Destruição

Destruição

Infelizmente até onde li há pouca informação sobre Destruição. Provavelmente ele irá aparecer nos próximos arcos da série já que foi mencionado no último que eu lí “The Season Mists” (Estação das Brumas)

Sonho

Sonho

Sonho dos Perpétuos... Este é um verdadeiro enigma. Este coleciona nomes para si. Da mesma forma que os outros fazem amigos, mais pouquíssimos são os que recebem tal título… Magistral!

E há a Morte…

Morte

Os vivos só a conhecem de nome….Mais um dia todos nós a ela seremos apresentados e ela chegará a você sorrindo, o cumprimentando como uma velha amiga e juntos irão embora sob o doce som de suas asas…

sábado, 24 de novembro de 2012

Conheça a série Sandman!

"SONHEM! Sonhos moldam o mundo. Sonhos recriam o mundo, todas as noites."

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O Fantasia BR preparou uma série especial de postagens referente à umas das mais famosas e cults HQ’s de todos os tempos. Trata-se de Sandman, escrita por Neil Gaiman  e ilustrada por uma turma de ilustres ilustradores dentre eles Dave McKean, Sam Kieth, Mike Dringenberg, Malcolm Jones III, Kelley Jones, Jill Thompsonm, Marc Hempel, Michael Zulli e Charles Vess. Uma turma que deu vida a que para mim é uma das mais belas criações do gênero de Fantasia. Publicada de 1989 a 1996 e com 75 edições e divida em 13 arcos, Sandman ainda encontra inúmeros fãs pelo mundo inteiro!

sandmanO personagem central de Sandman é Sonho, ou Morpheus, a versão antropomórfica do sonho, e seu domínio é o Reino do Sonhar. O castelo no qual  habita e todo o resto do Sonhar mudam de aspecto à sua vontade, mas certas áreas têm sua forma mantida como uma cortesia a seus habitantes. Sonho parece ser o único Perpétuo a povoar seu reino - muitos outros personagens vivem por lá e ele mantém inúmeros empregados para executar tarefas que poderia realizar facilmente, incluindo a reorganização do castelo e a vigilância de sua entrada. Os outros Perpétuos (The Endless) que serão o foco da próxima postagem) têm também seus próprios lares. 

As mentes de todos os seres vivos estão ligadas ao reino de Morpheus, o Sonhar. É para lá que vão as almas de todos os que dormem e onde são guardadas lembranças e pensamentos da hora do sono. O Sonhar guarda também o mundo imaginário de cada sonhador, várias realidades alternativas e seres imaginários se escondem lá. Sua biblioteca abriga bilhões de livros que nunca foram escritos. Toda a sanidade mental dos seres depende da boa administração desse reino (já que a realidade física do universo e mental dos seres também depende de nada "vazar" de lá para cá)e Morpheus executa suas funções de maneira excelente. normal_sandman_poster

Os 13 arcos de Sandman são:

  1. Sandman: Prelúdios e noturnos (01 a 09)
  2. Sandman: A casa de bonecas (10 a 16)
  3. Sandman: Terra dos sonhos (17 a 20)
  4. Sandman: Estação das brumas (21 a 28)
  5. Sandman: Espelhos distantes (29 a 31)
  6. Sandman: Um jogo de Você (32 a 37)
  7. Sandman: Convergência (38 a 40)
  8. Sandman: Vidas breves (41 a 49)
  9. Sandman: Fim dos mundos (51 a 56)
  10. Sandman: Entes queridos (57 a 69)
  11. Sandman: Despertar (70 a 73)
  12. Sandman: Exílio (74)
  13. Sandman: A tempestade (75)

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Não me focarei aqui em contar detalhes da história ou de cada arco da série, até por que só li até o 4º ( e diga-se de passagem, é o melhor até agora!)  mais sim apresentar  esse universo fantástico surgido da mente bastante inventiva do mestre Gaiman ( o autor mais resenhado do blog!). No próximo post conheça os Perpétuos (The Endless) as figuras mais criativas e interessantes de Sandman!

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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Lúcifer, a Estrela da Manhã : A Opção, de Mike Carey & Scot Hampton.

 

“Segundo o Morpheus de Sandman, Lúcifer é o melhor fruto do Criador – o anjo Samael, chamado de Lúcifer. Significa ‘aquele que traz a luz.’ De todos os anjos ele era o mais sábio, o mais lindo, o mais poderoso. Com exceção apenas de seu Criador, ele é, talvez, o mais poderoso dos seres”.

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O que poderia acontecer se nossos anseios pudessem subitamente ser atendidos? Desde um simples sonho de infância, até desejar a morte de alguém? Esse o é o ponto de partida para essa HQ incrível vinda direto do universo sombrio, surreal e surpreendente de Sandman, a maior das criações do mestre moderno da Fantasia, Neil Gaiman.766255-lucifer1_large

Ricamente produzido e ilustrado por Mike Carey & Scot Hampton somos transportados a um universo desconhecido e sombrio onde deuses antigos, sombrios e silenciosos dos primórdios da criação clamam por vingança por terem sido trocados pela “luz”.

No mundo todo, todos os mais variados desejos começaram a ser atendidos pois o deus sombrio da veleidade, diretamente das profundezas escuras e tenebrosas do Primeiro Mundo, amplia seus poderes concedendo tais desejos aos habitantes da Luz. O ponto de partida dessa nova série é o quarto arco da série Sandman “Estação das Brumas”. A Estrela da Manha, o Anjo Caído Lúcifer, que havia abandonado o inferno,  aceita o desafio de tentar acabar com essa força silenciosa que ameaça o equilíbrio do mundo em troca de algo de autoridades superiores o que não fica claro neste primeiro arco da série.

Sempre vivendo á sombra do irmão inválido a personagem Rachel inconscientemente deseja a morte do irmão o que é prontamente atendido pelo tal deus silencioso do desejo e devido à uma ligação antiga com uma raça de índios xamãs Rachel é quem parte com Lúcifer em uma viagem mística entre vários mundos para acabar com esse poder que ameaça o domínio da Luz. E assim embarcamos em uma aventura repleta de mistério, magia, ocultismo e ação!

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O personagem Lúcifer sempre me chamou a atenção, seja na Bíblia ou em outroLúcifer-estrela-da-manha-morningstar-ocultismo-hq-quadrinhoss livros, o temível rei do Inferno sempre teve um humor negro e irônico bem caraterístico o que sempre achei interessante e este é um dos pontos fortes desta série em quadrinhos, além do roteiro bem escrito e da arte belíssima. Apesar da história um tanto confusa e de acontecimentos rápidos, a temática em si é bem atrativa sobre deuses antigos, ocultismo, magia e claro um pouco de contestação religiosa.  E esse é apenas o primeiro arco de uma série com o personagem Lúcifer que contem, assim como, Sandman, várias edições.

Pois é pessoal essa é apenas uma dica de HQ muito legal e espero que a apreciem tanto quanto eu, está recomendadíssima! Estou pronto para embarcar nas próximas aventuras da série e pretendo acompanha-lá concomitante com  Sandman que ainda não concluí.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Espíritos de Gelo, de Raphael Draccon

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O brasileiro Raphael Draccon ganhou fama e notoriedade com sua série de fantasia Dragões de Éter e foi um dos autores que ajudou a fantasia nacional alcançar um patamar nunca antes visto no Brasil. Em Espíritos de Gelo ele ainda trilha no caminho da fantasia só que com uma pegada mais underground e uma temática mais adulta com sexo, drogas e Rock ‘n Roll.

Assim como em Dragões de Éter, Draccon se valeu de um conto conhecido como pano de fundo para esse seu novo romance, só que diferente da sua série épica dessa vez não foi um conto infantil e sim a velha lenda urbana da Banheira de Gelo. Um homem que acorda de repente acorrentado em uma sala escura com três caras masoquistas que usam e abusam da violência extrema para fazer com que o cara relembre como foi parar em uma banheira de gelo e sem um dos rins. Assim basicamente se desenvolve a narrativa do livro e a cada vez que era agredido a tal pessoa (uma coisa interessante é que o autor não nomeia o personagem principal) vai aos poucos se lembrando de fatos do passado e o livro então é pontuado por flashbacks.

Confesso que não gostei muito de Espíritos de Gelo. O livro não conseguiu me prender muito, mais claro que a escrita de Raphael Draccon continua ótima, só que o tema do livro não foi muito atraente na minha opinião. Quando vi que o livro trataria da lenda da banheira de gelo pensei que ela seria abordada de uma maneira bem sombria e aterrorizante, mas o que vi foi um livro que trata basicamente de um único tema: sexo! E da maneira mais exagerada e machista que já vi. A história também é meio clichê envolvendo um clube privê, com um guru velho liderando o “clube da suruba” com ricaços cheios de manias estranhas e muitos rituais absurdos envolvendo sexo e uma espécie de religião oriental, o que me lembrou bastante um filme do Stanley Kubrick intitulado De Olhos Bem Fechados (Eyes Wide Shut) estrelado por Nicole Kidman e Tom Cruise do qual nunca gostei.

Contrariando muito a opinião geral sobre esse romance o final foi a melhor parte do livro, que me surpreendeu bastante e é onde a fantasia é notada na história e as referencias a cultura pop não foram tão exageradas assim.

Bem, quem está acostumado com Dragões de Éter com certeza irá se surpreender com esse lado adulto e sem nenhum pudor de Raphael Draccon. Alguns podem gostar, outros nem tanto, mas uma coisa é inegável: o incrível talento que o autor tem em reinventar histórias!… Estou louco pra ler seu novo livro, Fios de Prata: Reconstruindo Sandman!

Título: Espíritos de Gelo
Autor: Raphael Draccon
Ano: 2011
Páginas: 176 p.
Editora: LeYa Brasil

domingo, 14 de outubro de 2012

Abraham Lincolm: Caçador de vampiros, de Seth Grahame – Smith

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O que me chamou atenção nesse livro primeiramente foi à capa (que nem é tão bonita assim) e depois a premissa do livro de juntar vampiros e Abraham Lincoln na mesma historia.

Eu particularmente sempre me interessei pela trajetória desse presidente então quando vi um livro que contaria a historia dele minha animação foi total, mas daí estava escrito abaixo do nome Abraham Lincoln o titulo ‘’Caçador de vampiros’’ e o receio tomou conta de mim. Será que isso deu certo? Será que esse não seria apenas mais um livro de vampiros? Eu paguei pra ver e não me arrependi. O livro conta toda a trajetória da vida do 16° presidente dos EUA, mostrando acontecimentos verídicos da historia misturados com relatos muito criativos sobre as suas caçadas secretas.

Desde criança a vida de Abe (ele é chamado assim na maior parte do livro) é amaldiçoada com a presença desses seres malignos que não medem esforços para conseguir alimento e poder. Motivado por um ódio nutrido ao longo dos anos por esses seres, Abe parte rumo a uma vingança desenfreada e sem preparação nenhuma contra inimigos que ele não conhece direito, e por ironia do destino acaba conhecendo nada mais nada menos que um vampiro disposto a treiná-lo e ajudá-lo a destruir os seus iguais. E a historia vai seguindo assim, com Abe levando sua vida aparentemente normal de dia e caçando a noite, seguindo as dicas que seu aliado inesperado lhe envia regularmente. O ritmo é perfeito, você não fica entediado em nenhum momento da leitura e fica ávido por saber mais sobre o Abe e mais sobre os vampiros.

clip_image003A característica mais forte da escrita do autor, Seth Grahame-Smith, é a sua habilidade de juntar o real com o imaginário tornando aquilo muito convincente. Por diversas vezes eu me pegava imaginando se realmente não existiam vampiros e se eles não estariam convivendo com a humanidade disfarçadamente e arranjando uma forma obscura de sobreviver e se alimentar.

O sucesso mundial do livro foi tanto que resolveram adapta-lo para o cinema e recentemente o filme que tem o mesmo nome que o livro foi lançado.

Eu assisti e fiquei muito decepcionado com o resultado, esperava algo um pouco mais fiel e menos exagerado, mas esse é o grande problema de ir ao cinema ver uma adaptação de algum livro, criamos muita expectativa em cima da coisa toda. Mas não posso desmerecer o trabalho de ninguém, pois é um filme que atraiu e conquistou muitas pessoas que não tiveram a oportunidade ou não quiseram ler a obra.

Título: Abraham Lincoln: Caçador de vampiros

Título original: Abraham Lincoln: Vampire Hunter, 2010       
Autor: Seth Grahame - Smith

Ano: 2010

Páginas: 336 p.

Editora: Intrínseca

Tradução: Alexandre Barbosa de Souza

sábado, 6 de outubro de 2012

Coisas Frágeis 2, de Neil Gaiman

Como vocês sabem o livro Fragile Things do Neil Gaiman foi dividido no Brasil em dois volumes. Essa resenha se refere apenas ao segundo volume.

Como resultado dessa divisão do livro original em dois volumes uma coisa se perdeu. Como o próprio Gaiman comenta no livro ele dedicou muito tempo organizando a ordem mais adequada para os textos, mas os dois volumes não respeitam essa ordem quebrando o efeito imaginado pelo autor.

Ao ler esse livro fica nítida a sensação que os melhores textos foram reunidos no primeiro volume. Não é que nesse livro estejam os contos ruins, mas são os mais fracos comparados aos do primeiro. Com textos mais curtos. Essa parte 2 possui muitos mais contos e inclui também poemas.

Devo confessar que os poemas são a parte mais fraca da obra. Já nos contos Gaiman explorou diversos temas e estilos. Vou destacar aqui os que mais me chamaram a atenção.

Em Noivas Proibidas dos Escravos sem Rosto na Casa Secreta da Noite do Temível Desejo ele nos trás um mundo onde o que é fantasia é tão real e cotidiano que literatura de fantasia é na verdade realista. Um conto bem divertido.

O Cascalho da Lareira da Memória, apesar de ser um conto inconclusivo é apresentado por Gaiman como uma história real, o que deixa, na minha opinião, bem mais interessante. Em Hora de Fechar, segundo ele, também somos apresentados a pessoas e lugares reais com nomes alterados. É um conto instigante.

Pó Amargo foi um dos contos que mais me agradou nesse volume. Um cara decide sair de sua rotina e vamos vendo os estranhos fatos que se sucedem. O conto acabou e eu precisei de um tempinho pensando sobre ele. Olhei novamente o inicio do conto e só ai minha ficha caiu e eu pude entender o que houve. Como disse, um dos melhores desse volume.

Sempre imaginei como seria o inferno e principalmente as torturas por quem os condenados teriam que passar. Em Os Outros Gaiman nos apresenta um inferno muito perturbador, mas também muito criativo.

Uma história que veio de um pesadelo também está presente nesse livro. Quem Alimenta e Quem Come já foi quadrinho e roteiro de filme antes de ser um conto. Também está entre minha favoritas desse volume.

Gaiman prova que continua sendo um dos mais inventivos escritores vivos. Apesar dos pesares da edição brasileira, recomendo Coisas Frágeis para quem quiser ler boas estórias sem ter que se comprometer com romances gigantescos. É sempre bom ter um Gaiman na bolsa ou mochila.

Título: Coisas Frágeis
Título original: Fragile Things (2006)
Autor: Neil Gaiman
Ano: 2010
Páginas: 166
Editora: Conrad
Tradução: Michele de Aguiar Vartuli

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Coisas Frágeis, de Neil Gaiman

Coisas Frágeis, de Neil Gaiman

Por algum motivo por mim desconhecido a Conrad decidiu dividir, no Brasil, o livro Fragile Things do britânico Neil Gaiman em dois volumes. Esse texto, portanto, trata-se apenas do primeiro volume.

Ainda não tinha descoberto o lado contista do autor e nesse estilo ele se sai tão bem como romancista. Na sua introdução Gaiman nos explica sobre o título do livro e também nos apresenta a história por trás de cada conto, seus prêmios, como eles surgiram e foram parar ali. Essa leitura é um prazer a parte, nos tornando mais “íntimos” do livro como um todo. E também acabamos conhecemos um pouco mais sobre o autor.

De todos os contos incluídos nesse volume, o que mais me impressionou foi, com certeza, o conto de abertura, Um Estudo em Esmeralda. O conto mistura de uma forma única o mundo criado pelo escritor H. P. Lovecraft e o personagem Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle. Um pouco de lógica em um mundo doido.

O conto A Vez de Outubro serviu como uma espécie de treino para Gaiman antes de escrever o Livro do Cemitério. Esse é bem curioso também e achei que os meses bem que poderiam ter um livro com suas histórias.

Gaiman resolveu explorar o final da personagem Susana, de As Crônicas de Nárnia, em um conto que também trata de literatura infantil intitulado O Problema de Susan. É um conto que incomoda, mas não de um jeito negativo. Incomoda pois nos mostra um lado que talvez não quiséssemos ver em As Crônicas de Nárnia. Além de não ser nada otimista.

Me surpreendi ao ver uma narrativa que se passa no universo do filme Matrix. Gaiman escreveu Golias para o site do filme, mas ele evidencia algo que me deixa intrigado desde que eu vi o primeiro filme: por que as máquinas são tão dependentes dos homens? Apesar de eu nunca ter me convencido com as explicações apresentadas para essa premissa básica, o conto mostra o mundo de Matrix sobe um novo angulo enriquecendo ainda mais esse universo.

O Monarca do Vale narra os fatos que ocorreram com Shadow, personagem do livro Deuses Americanos, enquanto ele visitava a Escócia, e foi inspirada por Beowulf, mas não achei nada parecido com o filme A Lenda de Beowulf roteirizado por Gaiman e Roger Avary. Inda não li o Deuses Americanos, mas a narrativa e o personagem me envolveram tanto que fiquei com ainda mais vontade de mudar essa situação.

O livro também inclui outros contos incríveis, mas esses foram os que mais me chamaram a atenção. É comum, em um livro de contos, você gostar de alguns contos e outros não. Mas quando se trata de Neil Gaiman é difícil ficar sem algum pra gostar.

Título: Coisas Frágeis
Título original: Fragile Things (2006)
Autor: Neil Gaiman
Ano: 2010
Páginas: 205
Editora: Conrad
Tradução: Michele de Aguiar Vartuli