Tally é muito azarada. Por mais que essa garota se esforce, tudo sempre dá errado para ela. Isso não é diferente em Perfeitos.
(Cuidado: spoilers do livro anterior.)
Tally tornou-se perfeita, como prometido em Feios, o livro anterior. Agora ela é exatamente como os outros perfeitos, linda e avoada. O que acontece é que a operação para tornar-se perfeita também inclui uma lavagem cerebral. Já esquecida do motivo de ter se entregado para operação, Tally agora tem uma nova vida, cheia de baladas e glamour, e é nessa vida que a maior parte do livro está centrada.
Ela quer entrar para os Crims, um grupo de perfeitos que é conhecido por estar sempre aprontando em Nova Perfeição. Zane, o líder dos Crims, é um personagem chave nesse livro, levando Tally a desobedecer várias regras. É claro que por isso ela logo começa a chamar atenção da terrível Dra. Cable e dos outros Especiais.
Como era de se esperar, o grupo rebelde Enfumaçados vai atrás dela para lhe entregar a cura para a operação, mas ela já não lembra bem de sua vida como feia, nem que precisa ser curada.
Ao longo do livro o autor também nos dá novas informações sobre como o mundo chegou ao estado atual e do desastre que desencadeou essa mudança, o que eu achei muito bom, pois o livro anterior deixou muito a desejar nesse aspecto. Como já tinha sido dito em Feios, tudo foi resultado da ganância e egoísmo humano, mas o livro dá fortes indícios de que a catástrofe global foi proposital. Espero que esse aspecto seja mais explorado nos próximos livros, pois é uma parte que da história que me deixou curioso.
O novo ponto de vista que o livro nos dá, o de uma perfeita, torna mais completo nossa compreensão sobre o funcionamento de Nova Perfeição, mas ao mesmo tempo provoca estranheza. Ver Tally ter se tornado tão fútil é um pouco desagradável.
Muito mais que no livro anterior, as escolhas de Tally tiveram consequências desastrosas. Ela é uma personagem muito real. Não dá pra ser hipócrita questionando as suas escolhas, sendo que a grande maioria de nós faria o mesmo. Sempre preferimos escolher os caminhos mais fáceis, como quando ela estava em dúvida sobre a cura e aceita dividir o fardo. E mesmo quando ela faz a coisa certa tende a ter que trair a confiança de alguém, como a sua escolha no final do livro.
Confesso que sou fascinado pela construção de Westerfeld para sua protagonista. Ele faz com que nós tenhamos raiva dela, sem podermos realmente ódia-la. Ela é parecida demais com nós mesmos, para que façamos isso.
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